Transtorno de Estresse Pós Traumático e a violência. Maria Alice Fontes

O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) é um dos principais diagnósticos decorrentes de situações ligadas à violência, guerra e morte.

Neste artigo, vamos fazer um apanhado geral sobre ele de forma simplificada. Boa leitura!

O que causa o Transtorno de Estresse Pós-Traumático?

De acordo com o DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5a. edição), o TEPT pode ocorrer após a exposição a um acontecimento psicologicamente doloroso e traumático.

Tal acontecimento está fora da faixa habitual da experiência humana, sendo diferente do luto simples, doença crônica, perdas de negócios ou conflitos conjugais.

Os traumas com potencial para desencadear o transtorno envolvem sérias ameaças à própria integridade física ou ameaça à integridade física de outra pessoa em estreita associação com o indivíduo (danos aos filhos, cônjuge, parente próximo ou amigos).

Podemos citar exemplos de tais situações nos casos de destruição súbita da casa ou comunidade, sérias ameaças ou danos à vida de um amigo íntimo ou parente, rapto, tortura ou assassinato.

O trauma pode ser vivenciado sozinho, como em um assalto ou em companhia de um grupo de pessoas, como em atentados terroristas ou em combate militar. Os estressores que produzem este distúrbio também podem abranger desastres naturais, inundações ou tremores de terra, desastres acidentais, como acidentes de automóveis, quedas de aviões, grandes incêndios ou colapso de estruturas.

O estressor que produz esta síndrome seria acentuadamente doloroso para qualquer um, sendo habitualmente vivenciado com medo intenso, impotência ou horror.

Sintomas do Transtorno de Estresse Pós-Traumático

Os sintomas característicos do Transtorno de Estresse Pós Traumático envolvem, além da presença do evento estressor, ansiedade persistente, que inclui dificuldades em conciliar ou manter o sono.

Outros sinais característicos são hipervigilância, respostas de sobressalto exagerada, revivência persistente do evento traumático e/ou o evitamento dos estímulos associados a ele.

A pessoa faz comumente esforços deliberados para evitar pensamentos e sentimentos acerca do evento traumático e a todas as atividades ou situações que lembrem isto. O evento pode ser revivido de várias maneiras, mas geralmente estão presentes recordações recorrentes e intrusivas do acontecimento ou sonhos aflitivos durante os quais o evento é reencenado.

O Transtorno de Estresse Pós-Traumático pode ocorrer em qualquer idade e nas crianças a resposta ao evento estressor pode manifestar-se por comportamento agitado ou desorganizado.

Os sintomas, em geral, iniciam no primeiro mês após o trauma, embora possa haver um lapso de meses ou mesmo anos antes de seu aparecimento. A duração dos sintomas varia e ocorre recuperação completa dentro de 3 meses em aproximadamente metade dos casos, a outra metade pode apresentar sintomas persistentes por mais de 12 meses após o trauma.

Uma responsividade diminuída ao mundo externo, conhecida como “torpor psíquico” ou “anestesia emocional”, geralmente começa logo após o evento traumático. O indivíduo pode queixar-se de acentuada diminuição do interesse em atividades anteriormente prazerosas, de se sentir deslocado ou afastado das outras pessoas, ou de ter uma capacidade reduzida de sentir emoções, especialmente aquelas associadas com ternura, intimidade e sexualidade.

Tratamento do Transtorno de Estresse Pós-Traumático

O tratamento desse transtorno deve ser feito por um profissional da saúde mental e é indicado, na maioria dos casos, a associação de medicação e psicoterapia.

O acompanhamento psicoterápico é um caminho de descoberta das potencialidades da mente, onde se lida com um problema e as repercussões que este pode ter em todo o funcionamento e desenvolvimento humano e onde não se pode transformar o paciente num doente, portador de um irreparável trauma, mas sim em um indivíduo mais forte e resistente à vida.

Uma das principais técnicas de psicoterapia para esse transtorno é a terapia de exposição, na qual, basicamente, a pessoa é exposta, de forma fantasiosa e gradual, às situações que ela evita.


Referência

Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 5. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2014