Qual o papel do psicopedagogo? Andrea Fernandez, Maria Alice Fontes

Cada dia ouvimos mais pais procurando ajuda psicopedagógica para seus filhos. Mas por quê o psicopedagogo e não um professor particular? Qual é o papel do psicopedagogo no processo de ensino-aprendizagem?

A aprendizagem é inerente a qualquer ser humano. Quando um sujeito aprende, ele está envolvendo aspectos afetivos, cognitivos e motores. Ele é constantemente influenciado por condições não só internas, mas também externas: pessoas, experiências, estímulos e relações interpessoais. Para que esse processo de aprendizagem ocorra de maneira eficaz, aquele que aprende deve ser visto na sua totalidade. É fundamental entender o que aprende, como e por quê, considerando todas as variáveis que intervém neste processo.

Foi a partir da necessidade de uma melhor compreensão do processo de aprendizagem que surgiu a Psicopedagogia. De acordo com Neves, “a psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar”. Segundo Weiss, “a psicopedagogia busca a melhoria das relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção da própria aprendizagem de alunos e de educadores”.

Qual o papel do Psicopedagogo nas escolas?

O psicopedagogo na instituição exerce um trabalho preventivo onde tem a possibilidade de diminuir a “frequência dos problemas de aprendizagem”. Seu trabalho envolve um diagnóstico para a identificação do problema para depois desenvolver um plano de intervenção. Na escola os processos didáticos-metodológicos são avaliados e procura-se entender como o funcionamento da instituição interfere no processo de aprendizagem.

O trabalho psicopedagógico nas escolas inclui a orientação de professores e de outros profissionais para a melhoria nas estratégias e condições do processo ensino-aprendizagem, assim como para a prevenção de eventuais problemas. O Psicopedagogo também pode fazer um trabalho com os pais, orientando-os a como oferecer apoio ao aluno. Com a criança, o trabalho é feito buscando ferramentas e estratégias eficazes a fim de desenvolver competências e habilidades capazes de auxiliar nas suas dificuldades de aprendizagem.

Qual é o papel do Psicopedagogo no atendimento clínico?

O psicopedagogo procura conhecer aquilo que impede o aluno de aprender e busca entender as influências emocionais e afetivas, que podem lhe favorecer ou desfavorecer. O psicopedagogo irá investigar e promover mudanças nos processos cognitivos, emocionais e pedagógicos que possam interferir no processo de aprendizagem, sempre buscando solucionar suas dificuldades.

O que esperar do trabalho psicopedagógico?

Segundo Lino de Macedo (1990), o psicopedagogo, no Brasil, ocupa-se das seguintes atividades:

  1. Orientação de estudos – Ajuda a organizar a vida escolar da criança, promover o melhor uso do tempo, a elaboração de uma agenda e organização de materiais necessários para o estudo.
  2. Apropriação dos conteúdos escolares – Propiciar o domínio de disciplinas escolares em que a criança vem apresentando dificuldade.
  3. Desenvolvimento do raciocínio – Treinamento dos processos de pensamento necessários ao ato de aprender. Os jogos são muitos utilizados, pois através do jogo a criança vai percebendo e construindo a sua forma de aprender.
  4. Atendimento de crianças – A psicopedagogia se presta a atender e acompanhar crianças com dificuldades durante o processo de ensino aprendizagem.

Por quê procurar um psicopedagogo e não um professor particular?

Veja na tabela algumas diferenças entre os profissionais.

Professor Particular

Psicopedagogo

Trabalha o conteúdo escolar

Trabalha o processo ensino-aprendizagem

Lida com questões mais pontuais

Lida com questões crônicas

Ajuda no desenvolvimento de conteúdos escolares

Ajuda no desenvolvimento de habilidades para aprender

Ajuda a entender o conteúdo até o aluno ser capaz de fazer sozinho

Ajuda a entender como aprendemos e criar estratégias para vencer as dificuldades

O conteúdo escolar é o foco da aprendizagem.

O conteúdo escolar é usado apenas como uma estratégia para ajudar o aluno a ter domínio de si próprio e de seu desenvolvimento cognitivo.

Quando devo procurar um psicopedagogo?

Fique atento quando a criança / adolescente apresentar os seguintes sinais:

  • Problemas de articulação da fala;
  • Aquisição lenta de vocabulário;
  • Falta de interesse em ouvir histórias;
  • Dificuldade de seguir rotinas;
  • Hiperatividade;
  • Dificuldade de adaptação na escola;
  • Inversão de letras, sílabas ou palavras;
  • Adição ou emissão de sons;
  • Leitura e escrita lenta para a idade;
  • Letra ilegível;
  • Desorganização geral devido a desorientação espacial;
  • Falta de concentração;
  • Problemas com atenção e memória;
  • Notas baixas;
  • Atraso na entrega de trabalhos escolares;
  • Repetência ou retenção;
  • Desmotivação e falta de interesse nos estudos;
  • Dificuldade de raciocínio lógico.

Segundo Weiss, “a psicopedagogia busca a melhoria das relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção da própria aprendizagem de alunos e de educadores”.

É comum que a criança não consiga falar sobre o que lhe aflige, o que lhe frustra e não consiga identificar muito menos expressar suas dificuldades. Ela precisa de ajuda para buscar a causa de seus problemas, para adquirir maturidade, para desenvolver seu raciocínio e desenvolver mais foco e atenção. O Psicopedagogo poderá ajudá-la a encontrar as melhores ferramentas e estratégias, organizando, assim, o seu modelo de aprendizagem.

Caso identifique que alguém precise de um psicopedagogo, a Clínica Plenamente está a disposição para fazer uma avaliação e proceder as orientações pertinentes.

Bibliografia

BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

MACEDO, Lino de. “Prefácio” a SCOZ et alii, Psicopedagogia – Contextualização, Formação e Atuação Profissional. Porto Alegre: Artes Medicas, 1992.

MASINI, Elcie S. Ação Psicopedagogica. São Paulo: Memnon, 2000.

WEISS, M. L. L. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro, DP&A, 2003.