As mídias sociais fornecem um fluxo constante e imprevisível de informações aos adolescentes, um período crítico de desenvolvimento. Nesta fase da vida, o cérebro se torna especialmente sensível, algo que quando misturado com a internet, pode não ter um resultado tão bom, especialmente, nos casos de dependência comuns nos dias de hoje.
Um estudo da Associação Americana de Psicologia (American Psychological Association), “Health advisory on social media use in adolescence”, examinou os potenciais efeitos benéficos e nocivos do uso das mídias sociais no desenvolvimento social, educacional, psicológico e neurológico de adolescentes.
Na maioria dos casos, os efeitos, sejam eles positivos ou negativos, dependem das próprias características pessoais e psicológicas dos adolescentes e das circunstâncias sociais que eles vivem e crescem. Assim sendo, veja alguns pontos importantes que o estudo mostrou:
1- Jovens que usam as mídias sociais devem ser encorajados a criar oportunidades de apoio social, companheirismo online e intimidade emocional, para promover melhora na socialização.
Indivíduos muito solitários, com transtornos mentais como ansiedade e depressão, por exemplo, podem se beneficiar do apoio dos pares através das interações nas mídias sociais.
2- O uso e o monitoramento das mídias sociais devem ser ajustadas às capacidades de desenvolvimento dos jovens.
Isso quer dizer que os pais ou responsáveis devem monitorar e estabelecer limites aos filhos de acordo com as suas capacidades emocionais e cognitivas. E aos poucos, flexibilizar conforme a fase do desenvolvimento.
Certamente, você já deve ter ouvido falar que o exemplo vem de dentro de casa. Portanto, cuidado com o uso excessivo das mídias sociais na presença dos jovens. As pesquisas demonstram que a atitude dos adultos (por exemplo, usar a tecnologia durante as interações com a família, refeições, distrair-se durante as conversas) podem afetar o próprio uso feito pelos adolescentes. Aquela velha história: “se meus pais fazem eu posso fazer também”.
3- Para reduzir os riscos de danos psicológicos, fique alerta a exposição a conteúdos depreciativos e que possam trazer riscos à saúde como auto agressão e violência.
A pesquisa demonstra que a exposição à conteúdos de discriminação e ao ódio online prediz aumentos da ansiedade e dos sintomas depressivos offline.
Os dados sugerem ainda que o uso da mídia social para comparações relacionadas à aparência física, bem como atenção excessiva e comportamentos relacionados às próprias fotos e feedback sobre essas fotos, estão relacionados a uma imagem corporal mais pobre, distúrbios alimentares e sintomas depressivos, principalmente entre meninas.
Uso saudável ou não das redes sociais
No livro “The Emotional Lives of Teenagers: Raising Connected, Capable, and Compassionate Adolescentes”, a autora e psicóloga, Dra. Lisa Damour, esclarece que o uso das redes sociais pode interferir no engajamento de outros comportamentos saudáveis como dormir bem, fazer trabalhos escolares, interagir com amigos ou ser útil em casa ou na comunidade.
Outra questão importante a ser observada é a qualidade do conteúdo consumido por crianças e adolescentes nas redes sociais. Em outras palavras, saiba de que lado seu filho está exposto.
Voltando ao estudo da Associação Americana de Psicologia (American Psychological Association), “Health advisory on social media use in adolescence”, complementa essa questão ao enfatizar que os adolescentes precisam dormir pelo menos oito horas por noite com horários regulares.
Os dados indicam que o uso de tecnologia, principalmente uma hora antes de dormir, e o uso de redes sociais em particular, estão associados a interrupções do sono. O sono insuficiente está associado a interrupções no desenvolvimento neurológico do cérebro, no funcionamento emocional dos e no risco de suicídio.
O uso das mídias sociais pelos adolescentes também não deve interferir ou reduzir as atividades e exercícios físicos, essenciais para a saúde em um todo.
Confira outros Indicadores do uso problemático das mídias sociais:
👉Tendência em sempre usar, mesmo quando você quer parar e/ou ficar livre;
👉Interrupções de outras atividades para ficar online;
👉Ficar muitas horas em frente a tela;
👉Demonstrar “desespero” em querer ficar nas redes sociais (exemplo se a internet cair ou perder o acesso);
👉Comportamento mentiroso ou enganoso;
👉Perda ou interrupção de relacionamentos significativos ou oportunidades educacionais.
Já que mudanças no comportamento dos adolescentes, em particular, estão sendo causadas pelo uso das novas tecnologias, que se conectam e interagem por meio das redes sociais, defende-se a necessidade de compreender essas interações para orientar esses jovens quanto ao uso responsável dessas ferramentas.
Assim sendo, não apenas a família, mas também o governo, as escolas e a sociedade como um todo devem tomar medidas proativas e protetivas sobre o assunto a fim de inibir ainda na adolescência, possíveis transtornos psicológicos, como a compulsão, que podem ser levados ao longo da vida adulta.
Colaboração: Mônica Merlini
Fontes:
“The Emotional Lives of Teenagers: Raising Connected, Capable, and Compassionate Adolescentes”.
https://www.apa.org/topics/social-media-internet/health-advisory-adolescent-social-media-use